COMENTÁRIOS SOBRE O LIVRO
CONFIDÊNCIAS DE UM INCONFIDENTE
Por Lito Alves da Rocha Tamburro

O Livro: “CONFIDÊNCIAS DE UM INCONFIDENTE”
O Autor: Thomaz Antônio Gonzaga
A Médium: Mariusa Moreira de Vasconcellos
A Obra: Confidências de um Inconfidente.
A Maçonaria e os Conjurados
A “Loja”
O Aleijadinho
Os Profetas e os Inconfidentes

Introdução

O processo da independência do Brasil, diferentemente de outros paises, tem peculiaridades que o tornam único na historia universal.

Primeiramente a importância que os historiadores deram a um episódio político transformando-o em ponto máximo do processo. O “O Brado do Ipiranga”, episódio retratado como o principal momento e seus atores como principais figuras.

O Burro que conduzia D. Pedro transforma-se em garboso Corcel, as vestimentas de viagem surradas e empoeiradas transformam em elegantes fardas de gala e o lamento contra as pressões políticas da Corte transforma-se no grito libertário que ecoa até hoje em nossos contos históricos. Era o Marketing embrionário para engrandecer os poderosos políticos que até hoje conduzem os destinos políticos desta terra, dita nação.

Quanto aos inconfidentes, só muita pesquisa e a abnegação de uns poucos, trouxeram aos nossos livros escolares alguma luz. Assim foi com a Revolução Pernambucana, com os levantes na Bahia e personalidades como Frei Caneca e Joaquim Gonçalves Ledo e Felipe dos Santos que em
1720 foi executado pelo então Governador das Minas Gerais – o Conde de Assumar. Execução esta, com enorme requinte de perversidade - teve seu corpo amarrado a quatro cavalos que tocados para direções diferentes, esquartejaram o corpo, sendo seus pedaços e vísceras totalmente dilacerados.

O relato histórico da conjuração contestado por alguns pesquisadores mais atualizados, que tentam abrir questionamentos quanto à integridade dos Autos da Devassa, pois a tendência dos juízes era mostrar ao povo que nossos heróis não passavam de loucos e reacionários.

O valor desta obra tem aquele de reafirmar e resgatar fatos e pessoas que, estes sim, ofereceram-se em holocausto para a causa da liberdade.

Alguns dos fatos narrado na obra citada vem a serem comprovados numa pesquisa séria realizada por um Irmão da Loja Esperança – Raimundo Fernando Queiroz Vargas publicado em 1997 que após uma intensa pesquisa em Bibliotecas Brasileiras e Portuguesas trouxe à tona assuntos ainda não discutidos pelos historiadores de então. Publicou o livro “A verdadeira face da Inconfidência Mineira”.
Esta obra tem uma ligação interessante com a Loja Lux et Veritas: A Revisão foi realizada pelo nosso Irmão Cezar Coelho de Moraes e a digitação dos textos foi obra da nossa cunhada Maria Ignez da Silva Carvalho – ex-esposa do nosso querido Irmão Flavio do Valle Carvalho.

Voltando ao Livro “Confidências de um Inconfidente”– que é um romance mediúnico apresentado como uma obra psicografada com ditados do “Poeta de Inconfidência” autor das famosas Cartas Chilenas – Thomaz Antonio Gonzaga.
Segundo o autor e a médium que intermídia a narrativa o processo inicia-se no plano espiritual após a bárbara execução de Felipe dos Santos.


Fala de uma espécie de convocação daqueles que viriam encarnar no Brasil com missões diversas para resgatar valores morais e espirituais que vinham sendo desvirtuados pela ganância de poder e de riquezas.

O que torna interessante a Obra é a transcrição de fatos do Movimento libertário apresentando a relação dos mesmos com revelações de cunho maçônico.

O autor, se crível a obra, famoso poeta e articulador em cuja residência se realizou grande parte das reuniões secretas que levaram a termo o movimento que plantou a semente do ideal de liberdade para o Brasil. O autor afirma ter sido iniciado Maçon pelo Marquês de Pombal, quando de sua estada em Coimbra para concluir seus Estudos de Direito.

A Médium que psicografou o livro MARIUSA MOREIRA VASCONCELLOS é uma Espírita respeitada, sendo autora, por psicografia, de 12 obras - a maioria recebendo mensagens de Monteiro Lobato.

Consta de uma interessante narrativa com ricos detalhes de toda a trama da Conjuração ressaltando o trabalho subterrâneo da Maçonaria, segundo o autor, congregados em uma LOJA. Vale afirmar que não é uma obra maçônica e sim espiritualista que se baseia em princípios da religião espírita e os fatos relativos a maçonaria são incidentais.

Esta Loja que obviamente não tinha reconhecimento de qualquer potência, visto que na época, não haviam potências nativas. Denominava-se como “Loja do Oriente” e seus principais líderes eram Thomaz Antônio Gonzaga, Antonio Francisco da Silva Lisboa – o Aleijadinho, o Capitão Baltazar e Freire Andrade. As Iniciações eram feitas por comunicação através de cartas dirigidas a personalidades já reconhecidas,
sendo ratificadas quando o “iniciado” tivesse a oportunidade de estar presente em sessão oficial.

Realmente não existe relato documental que possa atestar esta afirmativa. O que é compreensível, visto que após a devassa procurou-se destruir tudo que lembrasse o movimento e seus integrantes.


O historiador maçônico Castellani nega a condição maçônica de Tiradentes por não haver, segundo ele, prova documental de sua iniciação. Alguém por acaso conhece o registro de Iniciação de José Bonifácio? Mas ninguém nega sua condição de Maçon.

Se Alguns Irmãos tiverem a oportunidade de ler o livro acima citado do nosso Irmão Vargas verão que uma pesquisa séria põe por terra as teorias do nosso “historiador” autor dos nossos atuais rituais.

Algumas Lojas já estavam estabelecidas em Pernambuco, na Bahia e no próprio Tejuco, obedientes ao Grande Oriente LUZITANO ou ao Grande Oriente de França. Portanto a “loja” dos conjurados era tecnicamente uma Loja “espúria”.

Mas o que unia aquele grupo era o ideal de Liberdade – Igualdade e Fraternidade difundido na Europa e aqui, pelos poucos portugueses cultos que aqui chegavam e pelos brasileiros que iam a Portugal e a outros países da Europa para estudar, principalmente em Coimbra.

O livro em questão menciona por várias vezes o caráter maçônico do movimento que iniciava todos que aderiam na “loja” que tinha como inspirador e conselheiro Antônio Francisco Lisboa – O Aleijadinho.

Relata ainda que Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes foi introduzido na Loja por José Álvares Maciel com uma discreta oposição de Thomaz Antonio Gonzaga. Em seguida Tiradentes apresentou Joaquim Silvério dos Reis que viria ser seu algoz.

Não queremos cansar os irmãos com extensas narrativas, a finalidade deste trabalho não é transcrever o livro e sim comentar fatos que julguei interessantes e curiosos para nossos estudos.

Nota-se pelas narrativas que a médium não tem conhecimentos exatos dos termos nem das práticas litúrgicas maçônicas por algumas expressões que se referem aos dados litúrgicos e ritualísticos, o que é desculpável a um não iniciado na arte real.

Exemplos: Em um trecho há uma afirmação “ouvi o martelo bater três vezes – era o final da reunião”;
Outro trecho; - “o cajado bate três vezes e a porta se abriu”.

Mais um trecho: “a lembrança do altar doméstico não me saia da mente. Era uma temeridade que lá ficassem as atas das reuniões. Ali estão a abóbada de aço (espadas), dois cajados e um bastão. Pela lógica, uma representação da loja capitular, mas na verdade como o diácono trabalhasse com o cajado, símbolo dos andarinhos”.
Nota: Cremos que aí a correlação seria com o Mestre de Cerimônias

Neste trecho há referência ao grau XVIII que por motivos óbvios não vou transcrevê-los.
O autor dedica boa parte da narrativa ao Aleijadinho colocando-o como uma espécie de mentor da Loja afirmando ainda que as esculturas que se encontram no átrio da matriz de Congonhas do Campo são dedicadas a alguns conjurados, os relacionado com a Ordem Maçônica.

No final do curso do Processo de punição aos conjurados o Aleijadinho iniciou a execução de um antigo projeto: os Profetas da Igreja de Nosso Senhor dos Matosinhos em Congonhas. Seriam doze profetas ou doze apóstolos ou doze inconfidentes.

Dedicou (veladamente) esse trabalho aos conjurados, seus discípulos, seus irmãos de fraternidade que levaram ao extremo o seu amor pela causa da liberdade.

Assim passou a expressar sua angústia, sua dor, sua frustração, mas também o carinho para com seus irmãos de fraternidade e de ideal que haviam sido executados, encarcerados ou degredados usando aquela encomenda para levar à posteridade a verdade sobre os personagens que escreveram a mais bela página de nossa história.

Conta o livro que os padres que iam acompanhar o andamento da encomenda alertavam o Mestre: - Mestre Lisboa: OS PÉS ESTÃO TROCADOS, OS PÉS DAS BOTAS. E o escultor comentava com seu auxiliar: Deixa Agostinho: OS PÉS ESTÃO CERTOS.

A Iconografia Maçônica do Aleijadinho é impressionante. Analistas reconhecem evidências da simbologia Maçônica em quase todas as obras do Mestre. Este é um assunto que mereceria outra palestra.

Um exemplo é o lavado da sacristia da Igreja de São Francisco de Assis, segundo relato deste livro era uma homenagem do Aleijadinho aos padres maçons que integraram o grupo de conjurados: um frade com os olhos vendados, encimado pelo medalhão de S. Francisco; dois anjos com os símbolos da câmara de reflexão; a ampulheta e a caveira e os dizeres “este é o caminho que conduz as ovelhas”. O frade tem os olhos vendados como o aprendiz maçon; os girassóis, as rosas, o triângulo em anjos, o compasso voltado para baixo, tudo testemunhando os cinco sacerdotes mártires da conjura.

Os Profetas de Congonhas do Campo e os Inconfidentes:
As Estátuas que ornam o Adro da Igreja Matriz de Senhor dos Matosinhos em Congonhas foram esculpidas em pedra sabão de tonalidade azul e estão dispostas com uma ordem pré-determinada pelo escultor. Segundo o autor as estátuas teriam a seguinte representação:

ISAIAS – Tiradentes
O mais importante profeta do Antigo Testamento , Isaías, abre a série de honra na entrada da escadaria do lado esquerdo do Santuário. É o Profeta da Misericórdia Divina, filho de Amós. O Profeta que, segundo a Bíblia, respondeu a pergunta do Senhor: “E que irá lá”? Resposta de Isaias aqui me tem a mim! Envia-me! Também assim fora Tiradentes: - Oferecera-se para seguir pelo caminho como a voz do levante, por isto suas falas eram como brasa.

“Segundo a narrativa do autor, teria dito o escultor:”Farei com que ressurjas vivo, não na glória do teu martírio na força de tua coragem! Serás Isaias! “O primeiro a abrir o adro da Igreja, o primeiro de todos.”
Mostra a santidade de celebrar a glória divina: "Quando os serafins tinham louvado o Senhor, por um fim, como uma tenaz, uma brasa foi encostada aos meus lábios" (C. 6).

JEREMIAS – Cláudio Manuel na Costa
Ocupando também posição de destaque na entrada da escadaria, à direita de Isaías, encontra-se o Profeta Jeremias, autor do segundo dos livros proféticos na ordem do Cânon bíblico.

O Profeta Jeremias seria Cláudio Manoel da Costa com a toga dos advogados usada na época. Segura o filactério com a mão direita e, na esquerda, uma pena. Na cabeça, ostenta um magnífico turbante, arrematado por abas torcidas passando entre as presilhas.

Chora a ruína de Jerusalém, e pede que ela volte para o Senhor: "Eu deploro a derrota da Judéia e a ruína de Jerusalém, e rogo que queiram voltar ao seu Senhor" (C. 35).


BARUC – Tomás Antonio Gonzaga
Baruc traz nas mãos um filactério cuja citação é uma síntese de várias passagens de suas profecias. A escultura, situada no pedestal que arremata o muro de alinhamento central do adro, representa um personagem jovem e imberbe, vestido de túnica curta e manto, calçando botas. Traz na cabeça um turbante com bordas decoradas semelhantes às do Profeta Jeremias.

Baruc seria Thomaz Antonio Gonzaga e segundo a obra teria dito o Aleijadinho: Eu o vestirei com o manto do magistrado, a toga da sabedoria, o olhar de regozijo, pois eu sei que tu tiveste a tua Esposa. Tu a tiveste. ( Ai se refere a Marília sua amada, decantada em versos, dele separada por força de sua extradição)

Anuncia a vinda de Cristo e adverte aos piedosos: "Vaticínio a vinda de Cristo na carne e os últimos tempos do mundo, e previno os piedosos" (C. 1).


EZEQUIEL – Alvarenga Peixoto
Do lado oposto a Baruc, no pedestal que arremata o muro de alinhamento central do adro, encontra-se Ezequiel, também conhecido como o "profeta do exílio", por ter sido banido para a Babilônia com o povo de Israel. A inscrição do filactério traduz a síntese de três etapas sucessivas da visão do profeta.

Ezequiel seria Inácio Alvarenga Peixoto e a posição do braço direito seria alusão ao grau de companheiro.

Ameaça com o fim do mundo: "Descrevo os quatro animais no meio das chamas, e as rodas espantosas e o trono etéreo" (C. 1)


DANIEL – José Álvares Maciel
À esquerda, ladeando a passagem para a entrada do adro, em frente a Oséias, encontra-se a estátua de Daniel. O confronto do quarto dos profetas maiores e do primeiro dos menores, nessa situação privilegiada, revela, mais uma vez, um projeto iconográfico preciso para as posições das estátuas no adro. Os traços fisionômicos da escultura mostram um jovem imberbe como Baruc e Abdias.

Daniel seria José Álvares Maciel aí o livro faz alusões aos Leões citando a iniciação de Maciel. Iniciado no Adro dos Leões em Londres e também ter sido salvo dos Leões como Daniel referindo aí ao seu exílio na África após ter sido condenado à morte.

Mostra o poder de Deus que o salva: "Encerrado, por mandado do rei, na espelunca dos leões, escapo são e salvo, pelo auxilio de Deus" (C. 6)

OSEIAS – Domingo Vidal Barbosa
O mais importante dos profetas menores, Oséias, ocupa no Santuário lugar sobre o pedestal que arremata o parapeito de entrada do adro. Oséias, assim como Ezequiel e Jeremias, veste um casaco curto, abotoado da gola à barra e preso na cintura por uma faixa. A cabeça é coberta por um barrete semelhante ao de Ezequiel. Calça botas tipo borzeguins e tem na mão direita uma pena, cuja ponta, apoiada sobre a barra do manto, reproduz uma atitude de quem está escrevendo.

Oséias – Domingos Vidal Barbosa – refere-se ao trecho bíblico: “Foi enviado ao reino do norte anunciando o cativeiro eminente”. Alude a viagem de Domingos Vidal Barbosa a America do Norte em busca de apoio ao movimento. Solicitação negada tendo em vista acordo internacionais entre EE.UU., Portugal e Inglaterra
Simboliza a infidelidade do povo hebreu ao verdadeiro Deus: "Toma a adultéria, disse-me o Senhor; eu o faço: e ela, feita minha mulher, concebe e dá a luz" (C. 1)

JOEL – Salvador Amaral Gurgel
Joel, o segundo dos profetas menores do cânon bíblico, ocupa seu lugar no adro à direita de Oséias, na junção do parapeito de entrada do adro e da parede interna lateral. A fisionomia da escultura, assim como a de Jeremias, Ezequiel e Oséias, é de um personagem viril, de barba e bigodes em rolos à moda bizantina. A roupagem é semelhante à de Oséias, sendo a gola substituída por um colarinho alto. Joel traz à cabeça o mesmo modelo de turbante com abas retorcidas, já utilizado em Jeremias e Baruc. A estátua praticamente não revela imperfeições anatômicas. É uma das mais vigorosas de todo o conjunto e sua força de expressão revela a atenção de Aleijadinho em grande parte de sua execução.

Traz ameaça para os maus, e logo depois fala sobre o fim do mundo: "Explico a Judéia que mal hão de causar à terra a lagarta, o gafanhoto, o bruco e a alforra" (C. 1 v. 4)

JONAS – Rego Fortes
Ocupando posição simétrica à de Joel, no ponto de encontro dos muros que formam o parapeito de entrada do adro à esquerda, encontra-se a estátua de Jonas. Para o mais popular dos profetas menores, Aleijadinho reservou lugar de destaque, colocando-o junto de Daniel. A estátua de Jonas repete o mesmo padrão tipográfico já anteriormente usado para as imagens de Jeremias, Ezequiel, Oséias e Joel. Sua fisionomia, entretanto, apresenta traços distintos, como a boca entreaberta com os dentes aparentes e a cabeça voltada para o alto. O vestuário de Jonas se compõe de uma espécie de batina, com colarinho, abotoada até a citura, onde é presa com uma faixa.

Jonas seria Amaral Gurgel (Carioca) fazendo alusão de ter sido ele engolido pelo peixe (a Cidade do Rio de Janeiro) que tem em seu escudo peixes

Indica a providência misericordiosa para o justo: "Engolido pelo monstro, ficou escondido, três dias e três noites no ventre do peixe, depois dirijo-me a Nínive" (C. 2)

AMÓS – O próprio Aleijadinho
No ponto extremo do adro, à esquerda, na parte superior do arco de circunferência que une os muros extremos dianteiro e laterais do Santuário, encontra-se a estátua do profeta Amós. Amós difere totalmente dos demais profetas do conjunto e essa diferença se faz notar tanto no tipo físico, quanto na indumentária. Seu rosto largo e imberbe tem a expressão calma, quase bonachona, como convém a um homem do campo. Suas vestes condizem com a sua condição de pastor. Amós está vestido com uma espécie de casaco debruado de pele de carneiro e traz na cabeça um gorro, de forma semelhante ao que usam ainda hoje os camponeses portugueses da região.
Amós seria o próprio Aleijadinho. É a Estatua que apresenta maior deformações anatômicas e as vetes são as de um artesão. O avental do escultor ou do Aprendiz Maçon.

Ensina como Deus se serve dos humildes para dirigir os grandes: "Feito primeiro pastor e em seguida Profeta, dirijo-me tanto contra as vacas gordas, como contra os próceres" (C1)

NAUM – Domingos de Abreu Vieira
Na extremidade direita do adro, ocupando o ponto superior do arco que une os muros externos dianteiro e lateral, encontra-se a estátua de Naum, o sétimo dos profetas menores. O tipo físico da figura de Naum é o de um velho de barbas longas, postura vacilante e faces maceradas. Veste uma sotaina longa, abotoada até a cintura. A intervenção do "atelier" de Aleijadinho nessa peça aparece de forma evidente, a começar pela execução do turbante que Naum traz à cabeça. Alguns detalhes, como as barras ornamentais do manto e a deficiência da articulação geral do conjunto comprovam essa intervenção, parecendo possível que Aleijadinho tenha apenas concebido os traços iniciais da estátua.
A estatua de Naum teria sido dedicada a Domingos de Abreu Vieira
Ameaça aos grandes e poderosos: "Exponho que castigo está reservado a Nínive, caso recaia. Declara que a Assíria há de ser destruída por completo" (C. 1)

ABDIAS – Francisco Paula Freire de Andrade
Abdias ocupa o ponto inferior do adro que une os muros dianteiros e lateral esquerdo no adro do Santuário. A fisionomia de Abdias é de um jovem imberbe, assim como Baruc, Daniel e Amós, mas as proporções bem mais esbeltas dão a impressão de uma maior juventude. Abdias veste túnica e manto como os apóstolos da ceia, complementado apenas por um gorro simples, mas o arranjo das pregas é muito bem organizado num jogo erudito de luz e sombra. Essa estátua pode ser analisada comparativamente à do profeta Habacuc, que ocupa posição equivalente no extremo oposto do adro. Exercendo visualmente a função de baluartes laterais do adro, Abdias e Habacuc têm a mesma atitude simétrica dos braços levantados para o alto, mesmo tipo de roupagem, assim como jogo aparentemente complicado dos panejamentos. Pela posição que ocupam, ambas estátuas receberam especial cuidado de Aleijadinho, sendo provável que a intervenção do "atelier" se tenha limitado ao acabamento das partes acessórias, uma vez que as imagens são anatomicamente perfeitas.

Abdias seria Francisco de Paula Freire de Andrade
Uma palavra aos gentios: "Eu vos arguo, idumeus e gentios, previdentes vos anúncio a ruína lutuosa" (C.1)

HABABUC – Oliveira Lopes.
Habacuc, o oitavo dos profetas menores, encerra a série dos profetas de Congonhas. Situa-se em posição equivalente à de Abdias, no ponto inferior do arco que une os muros dianteiro e lateral direito do adro. Novamente se repete o padrão tipográfico anteriormente utilizado para Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel e Jonas. O vestuário de Habacuc é composto pela mesma sotaina envergada por Naum e Jonas, desta vez acrescida de uma gola cujas pontas são ornadas de borlas.

Hababuc seria dedicado a Oliveira Lopes.

Argúi os gentios que tiranizavam o povo eleito, e canta os louvores de Deus: "Eu te acuso a ti, Babilônia, ó Babilônia, a ti, ó tirano caldeu; mas em salmos canto a Ti, ó Deus Santo" (C. 1)




Detalhes Fotográficos




































Créditos das fotos: Lucas Vieira, Júlio Cardoso e Ever Silva.